JPN terceiro álbum de estúdio do Perfume pode ser bem definido como uma “overdose de serotonina”, aqui diferente dos antecessores GAME e ⊿ (Triangle),o Perfume se encontra mais elétrico e contagiante do que nunca. Muito menos americanizado que seus irmãos de catálogo, JPN segue pelas influências japonesas meticulosamente e acerta em cheio nas suas principais cartadas, "Laser Beam (Album Mix)" é um exemplo claro, com um instrumental rico em detalhes e sons que mais parecem ter sido tirados diretamente de máquinas pachinkos, a emoção que "Laser Beam" trás é como se eu estivesse apostando todo o meu salário do mês em uma dessas máquinas. Seguida por "Glitter (Album Mix)" que possui uma transição brusca e certeira como se o Perfume estivesse me falando "Garota, essa festa acabou de começar”, elas elevam o termo animação e esbanjam felicidade em versos como:
“No meio de um sonho brilhante
Nós fizemos uma promessa
Até que aquele dia chegue
Eu não estarei chorando lembrando-me de você. Eu rezarei
Por você. Eu rirei com você”
Perfume - Glitter
Após uma incrível abertura, "Natural Ni Koishite" é um respiro leve e descontraído entre "Glitter (Album Mix)" e "My Color". "My Color" se torna a última explosão ao ápice presente no JPN, daqui para frente temos músicas mistas que se dividem em duas partes, as animadas que não chegam no ápice alcançado por "Laser Beam (Album Mix)" e "Glitter (Album Mix)",vulgo:
"Nee", "Voice", "Have a Stroll", "Fushizen Na Girl" e "Spice".
e temos as soft pop "Toki No Hari", "Kasuka Na Kaori", "575" e "Kokoro No Sports".
A primeira parte da divisão cumpre bem o papel de complementar todo o conceito do JPN, inclusive traz destaques bem positivos como "Voice" e "Fushizen Na Girl", mas o JPN pede por algo maior em um certo ponto, algo que se iguale à abertura triunfante que o álbum possuí.
O Perfume em alguns de seus projetos costuma apresentar uma longa faixa carregada com toda sonoridade apresentada em seus álbuns, eu particularmente denomino essas faixas como “longos minutos de puro batidão que só o Perfume sabe fazer”, eu vejo toda a estética, sonoridade e essência dos projetos nessas faixas, como em "Party Maker" e "edge ⊿ mix",aqui no JPN eu me pergunto. Onde estão "JPN Special" e "Fake It"? Conteúdos exclusivos para a tour e singles soltos trabalhados individualmente entre as eras do Perfume não são uma novidade; porém, esses são matérias que poderiam ser bem melhor aproveitados. A segunda parte do JPN até se sustenta, mas ainda se desloca em alguns pontos, "Toki No Hari" por exemplo, além de parecer uma música infantil, está perdida no meio do álbum. Entretanto, em um geral, são músicas boas.
O maior problema do JPN é sem dúvidas sua falta de ousadia da metade para o fim, um álbum que se apresenta tão eufórico acaba se finalizando coeso e apaziguado, se torna ruim por isso? Jamais. Porém ele poderia ser muito mais do que já é.
JPN é sim um passo na carreira do Perfume, não tal como esperávamos ser, ele não supera seus antecessores, mas ainda sim é um passo adiante na discografia do trio eletrônico.
É nítida a faceta tradicional que ao mesmo tempo engloba o atual abordada neste álbum, é como se o JPN te levasse de volta para todas as referências musicais recolhidas para este trabalho e ao mesmo tempo te mostrasse nitidamente a evolução disso tudo.
Com letras cativantes e uma atmosfera capaz de levantar o astral JPN soa como uma leve brisa no catálogo do Perfume.
